Natalha Carvalho estudou Design no UNIFATEA e concluiu o curso de Mestrado Profissional em Design, Tecnologia e Inovação no ano de 2019. Veja como foi essa trajetória e as vantagens de ser um aluno UNIFATEA!
“Minha trajetória no UNIFATEA iniciou 10 anos atrás, quando aos 17 anos de idade, ingressei na graduação em Design. Desde muito nova sempre tive paixão por desenho e pintura, e acreditava que seria o melhor caminho a seguir. Mal sabia eu que seria muito mais do que isso…
Logo no 2º ano de faculdade, tive a oportunidade de ingressar no Instituto Superior de Pesquisa e Iniciação Científica (ISPIC) como bolsista de Iniciação Científica pelo CNPq. À época, me tornei orientanda do Professor Dr. Nelson Tavares Matias, que posteriormente se tornou um grande mentor em toda minha trajetória acadêmica e profissional. Comecei meus trabalhos na pesquisa no ramo de Ergonomia, onde avaliávamos o risco de acidente em um posto de trabalho, usando ferramentas de análise ergonômica.
Esse período foi um grande divisor de águas na minha visão sobre o Design. A adolescente que havia ingressado com uma visão extremamente limitada e restrita, enxergou como o Design vai muito além da estética e é parte fundamental da solução de problemas, investigando a fundo as necessidades dos usuários. Além disso, foi o momento em que mais me envolvi com organização de eventos, quando o Professor Dr. Rosinei Batista Ribeiro (outro grande mentor e defensor da união design/engenharia) coordenava os Encontros de Iniciação Científica e tínhamos que lidar com centenas de artigos científicos e dias de evento. A paixão pela pesquisa foi só aumentando a partir daí!
Já no 3º ano de faculdade, fui contemplada pelo programa Ciência sem Fronteiras e fui estudar Engenharia do Design de Produto na University of Strathclyde, na Escócia. Mais do que a vivência acadêmica, o encontro com outra cultura me ensinou ainda mais sobre comprometimento, organização, e o quanto o Design ainda precisava amadurecer no cenário brasileiro. Enquanto lá as empresas enxergam seu alinhamento com a engenharia e a solução de problemas, aqui o mercado ainda nos repelia das grandes indústrias (cenário que, felizmente, vem mudando a cada dia).
Logo no meu retorno, o Prof. Nelson me ofereceu novamente a bolsa de Iniciação Científica, a qual mantive até o fim da minha graduação. No meu último ano de faculdade, me mudei de Pinda para Lorena, pois era a única forma de conciliar tudo o que eu precisava fazer: Iniciação Científica de manhã, estágio no UNIFATEA à tarde e aula à noite. Essa imersão no ambiente acadêmico me fez crer ainda mais que aquele era o meu lugar!
Com toda a visão da ergonomia, acabei focando muitos dos meus trabalhos na área de acessibilidade. Com isso, meu TCC abordou acessibilidade para cadeirantes em aeronaves comerciais e, novamente, o Prof. Nelson que me acompanhou nessa jornada de orientação. Essa profundidade no tema nos levou a publicar um livro por uma editora e um capítulo em um congresso internacional, dentre tantas outras dezenas de publicações que escrevemos juntos desde o meu início como bolsista.
Já no fim da graduação e com a certeza de que gostaria de me tornar professora, fiz o processo seletivo do Mestrado em Design, Tecnologia e Inovação e fui aprovada. Minha intenção inicial era continuar o projeto do TCC, mas como não temos controle sobre tudo em nossas vidas, mudei de ideia… na minha turma, me deparei com o Marcos, um colega de classe que era deficiente visual. Ali, eu enxerguei o quanto o termo acessibilidade ainda se restringe muito fortemente aos deficientes físicos e algumas lacunas permanecem firmes e fortes, restringindo a autonomia dessas pessoas. Foi aí que decidi tratar de acessibilidade para passageiros cegos no processo de embarque da aviação comercial. Utilizei uma ferramenta chamada SHERPA (Systematic Human Error Reduction and Prediction Approach) para mensurar o risco de um passageiro cego se acidentar e, mais uma vez, essa pesquisa me rendeu um capítulo de livro em Congresso Internacional junto com o Prof. Nelson.
Nesse ínterim, eu trabalhava também no Departamento de Comunicação do UNIFATEA e, ao final do ano de 2018, pouco após a qualificação da minha dissertação, o Prof. Nelson me convidou para assumir as disciplinas que ele lecionava na graduação em Design, visto que eram majoritariamente no ramo de ergonomia e ele ficaria alguns meses nos EUA fazendo pós-doutorado. Obviamente o convite foi prontamente aceito e uma honra enorme! Esse convite se estendeu também pelo Prof. José Ricardo Flores, coordenador da graduação em Arquitetura e Urbanismo e eu fui imergindo cada vez mais no ramo. Assim, aos 23 anos eu pisei pela 1ª vez em uma sala de aula como professora e, a partir de então, havia me encontrado!
Defendi minha dissertação de mestrado em dezembro de 2018 e me tornei docente permanente no início do ano seguinte. Coincidentemente, fui transferida para um departamento que estava nascendo, o Núcleo de Inovação Tecnológica, onde cuidávamos da gestão dos pedidos de patente. Buscando sempre entender o que o mercado estava cobrando dos profissionais de Design (principalmente para levar isso para a sala de aula e preparar os alunos), comecei meus estudos em UX / UI (User-experience e User-interface) e fui me candidatando para vagas na área. Em 2020, iniciei minha Especialização em UX e, diante do cenário da pandemia, comecei a lecionar remotamente. Ainda nesse ano, o Prof. Miguel Júnior me convidou para lecionar para os cursos de graduação em Comunicação Social e, novamente, eu aceitei o convite.
A pandemia abriu muitas portas para o ramo de Design UX e Produto, o que me possibilitou mudar para São José dos Campos e iniciar atividades nessa área. Mais do que estar dentro do mercado e entender como ele funciona para o design, essa mesclagem entre o acadêmico e o corporativo me permitiram enxergar o que precisa ser amadurecido dentro da Academia. Fui levando cada vez mais isso para a sala de aula e, desde que comecei a lecionar, já fui 3 vezes professora homenageada do curso de Design e 1 vez paraninfa e 1 vez professora homenageada do curso de Rádio, TV e Internet. Como eu sempre brinco, acho que alguma coisa eu estou fazendo certo nessa história…
Hoje, aos 27 anos eu trabalho remotamente para uma empresa argentina do ramo de tecnologia e desenvolvimento de software. Iniciei como Designer UX e agora estou atuando concomitantemente como Analista de Negócios, visando me tornar Product Owner em breve. Estou terminando meu MBA em Gestão de Projetos e iniciando outra especialização, no ramo de Acessibilidade, Diversidade e Inclusão.
Toda a minha trajetória e as experiências que passei me mostraram que o designer está muito além de construir produtos ou telas bonitas. No mestrado, isso ficou evidente de uma forma muito explícita, quando constantemente nos era lembrado que o design tem a função de enxergar problemas, transformar em oportunidades e entregar soluções. A maior parte dos meus colegas não eram designers, e esse mundo os encantou tanto quanto me encanta diariamente na minha profissão! Hoje, como Analista de Negócios, eu tenho a função de mapear todo o escopo de um projeto e seus requisitos e listá-los adequadamente para a equipe. Antes, eu era a pessoa que lia esses requisitos e tinha que interpretar para fazer o meu trabalho de designer. Hoje, eu estou do outro lado da moeda. Isso me permite enxergar o quanto a visão do Design me proporciona avaliar projetos como usuário, ver as dores desses usuários e do negócio e, acima de tudo, buscar entregar sempre o melhor!
E nessa trajetória toda, o mestrado foi o grande marco em toda a minha carreira pois, sem ele, eu não teria chegado aonde cheguei, conhecido as pessoas que conheci e amadurecido enquanto profissional e pessoa! Maturidade para entender pessoas, enxergar riscos e problemas e buscar diariamente a construção de uma sociedade melhor! Cada professor que passou por esse período, cada trabalho realizado e cada lição recebida em sala de aula me fizeram ser quem eu sou hoje e almejar cada dia mais!”